Teatro "TRAGÉDIA"

Espectáculo "TRAGÉDIA" de Vladimir Mayakovski, com encenação de Igor Gandra, no âmbito do Projecto Experimental de Teatro dos alunos de 3°ano do Curso de Teatro da Escola de Artes da Universidade de Évora.

RESERVAS: 935397281
Sujeitas à lotação da sala

 

 

 

| FICHA TÉCNICA | 
Direção Artística, Encenação e Dramaturgia _ Igor Gandra
Cenografia, Figurinos e Adereços _Igor Gandra, Luís Santos e alunos 
Produção Igor Gandra e alunos
Desenho de Luz Igor Gandra 
Ambientes Sonoros Igor Gandra, Ana Dias e Gonçalo Ribeiro 
Edição Gráfica Afonso Sousa e Ricardo Dias 
Folha de Sala Flávio Goulart 
Frente de Sala Joana Oliveira 
Apoio de Cenografia Luís Santos 
Apoio de Corpo e Movimento Beatriz Cantinho 
Apoio de Voz Marcos Santos 
Interpretação Ana Dias, Ana Lúcia, António Machado, Beatriz Roxo, Daniela Gomes, Flávio Goulart, Gonçalo Ribeiro, Inês Alves, Isabel Vale, Mariana Baeta, Patrícia Bento, Ricardo Dias, Sofia Carvalheira

Tragédia de Vladimir Mayakovski (1913) 
Um espectáculo – exercício para os alunos do terceiro ano. 
Mayakovsky foi o Poeta da Revolução e também um poeta revolucionário. Para além dos seus contributos inovadores na poesia, o seu trabalho inscreveu-se nas mais diversas áreas: da poesia ao teatro, passando pela pintura e pelo desenho, pelo cinema e pelas mais diversas formas de agit-prop com que foi marcando o percurso do seu activismo político. 
O que hoje vamos ouvir e ver é uma peça anterior à revolução. Esta Tragédia, que esteve para se chamar A Revolta dos Objectos ou ainda A Estrada de Ferro e que acabou por fixar o seu título no encontro com os funcionários da censura czarista, é, de um certo modo, uma continuação do gesto provocador de Uma Bofetada No Gosto do Público (1912 com Burliuk e Klebnikov). 
Nesta peça o jovem autor vai bem mais longe: não é apenas uma peça em que se rompe com convenções, em que o autor fala a partir dessa sua condição e se desdobra em múltiplas versões de si mesmo, é uma peça que discorre sobre a condição trágico-cómica do que resta do “artista romântico” num mundo de máquinas e de objectos malcomportados... 
O poeta Mayakovski tinha, quando a peça estreou, mais ou menos a mesma idade dos actores e actrizes que dão o corpo a este manifesto. É uma obra de juventude, feita para jovens de irrequietudes diversas. 
Para pôr em cena este espectáculo-exercício partimos do que tínhamos: um texto, um espaço, corpos em acção, objectos encontrados, algum tempo para este encontro e claro, o desejo de fazer. Manipulados pela desassossegada energia criativa deste autor-génio-lâmpada-eléctrica-e-tudo, chegámos ao lugar de uma extravagância espartana que busca um teatro/instalação para lá do simulacro, que se alimenta do jogo da imaginação em acção, que usa o que está à mão numa linguagem para a cena que é prosaica, divertida ao mesmo tempo atenta à potência do que é dito e não dito. É, para além de tudo isto, um texto que não pode deixar de fazer pensar cada um destes jovens artistas-em-formação sobre o que os move, nessa condição de ser hoje o vir-a-ser. ... 
Vladimir Mayakovski é um daqueles autores de que, pelo menos no nosso país, se foi deixando de ouvir falar. Entre os que se acomodaram no desconforto com a figura do poeta oficial(izado) da União Soviética de Stalin, os que preferiram não lidar com a crítica desassombrada que as suas peças souberam fazer ao período pós revolucionário e às suas contradições e todos os outros que se esqueceram de conhecer (ou de dar a conhecer), estamos perante um caso curioso de silenciamento de um autor absolutamente fundamental para a arte do século XX, XXI... XXXII. 
Possa este ser um pequeno contributo para que o futuro seja diferente. 
Igor Gandra, janeiro de 2020

 

De 24.01.2020 a 25.01.2020
21:30 | Colégio dos Leões | Estúdio 3