Oradora: Prof.ª Soraia Silva, Departamento de Artes Cénicas da Universidade de Brasília
Resumo:
Eros e Tânatos configuram os dois poderes miticamente polares, sob cujas forças se desenrolam a existência humana e a relação necessária da vida e da morte. A tentação de invocá-los, expressá-los e encarná-los percorre as manifestações de rituais de diferentes cultos religiosos e, não menos, os chamados encantatórios para a sua representação nas formas das artes.
O centro magnético dessas buscas encontra-se quase sempre no desejo de materializá-las na essência de sua carnalidade e seus latejamentos. Neste sentido, a dança tem aí, por excelência, um lugar privilegiado e consagrado. Mais do que qualquer outra modalidade artística, ela faz da corporeidade do celebrante o articulador e o portador do símbolo. Ora, neste caso, a pulsão obrigatoriamente tem de unir-se à deliberação, isto é, ao saber do oficiante sobre o seu ofício. E é precisamente essa qualidade que a Soraia Silva reúne e incorpora como bailarina e professora. Suas performances são uma erupção criativa e pesquisa de linguagens. Do corpo e de todos os sentidos que lhe são inerentes e o plasmam não só no gesto, no ritmo, na corologia, como na fusão significativa que a música, a pintura e o vídeo lhe imprimem, convertendo o espaço de seu movimento na cena de suas performações. Em 21 Terras, a pulsão encenante de Soraia Silva lavra com sua imaginação a inventilidade fecundante da Mãe-Terra, no ciclo ritual em que ser é existir.



