"Outros Cinemas" - Tambours sur la digue, de Ariane Mnouchkine

Outros Cinemas é um projecto da Coleçcão B, em parceria com o Departamento de Artes Cènicas da Universidade de Évora.

Conta com o apoio da Direcção Regional de Cultura do Alentejo, da Universidade de Évora, e da Câmara Municipal de Évora.

Entrada livre

 

Numa iniciativa conjunta, o Departamento de Artes Cénicas da Universidade de Évora e a Colecção B convidam para a exibição do filme:

 

Tambours sur la digue, de Ariane Mnouchkine (Théâtre du Soleil, 2002, 136')
Legendado em francês ou inglês

Sinopse

Estamos na China, nas terras do Senhor Khang, nas vésperas de uma terrível inundação. Mil anos antes, o Senhor de então tinha sacrificado os seus agricultores, mandando abrir uma brecha no dique. As águas do rio, assim liberto, tinham inundado campo e cercado a cidade. Mil anos mais tarde… o povo miúdo temia uma inundação fatal. Duan, a filha do vidente, decide comandar a brigada de tocadores de tambor a quem está confiada a guarda do dique, responsáveis por avisar os agricultores ao menor sinal de alarme. A partir deste conto simples, Ariane Mnouchkine cria um espectáculo de enorme beleza e singularidade. Cada personagem é representada por uma marioneta interpretado por um actor, numa estética de inspiração oriental, marcada pela leveza, pela beleza e pela magia dos dispositivos de cena. Uma imperdível introdução ao Théâtre du Soleil de Ariane Mnouchkine, num registo do espectáculo dirigido pela encenadora.

Marion Thébaud, em Télérama (ligeiramente editado).

Tambours sur la digue, o fime, conserva todos os elementos que caracterizam o espectáculo, retrabalhando-os, dissociando-os, estabelecendo entre eles outras relações. Assim como o Théâtre du Soleil inventou o seu próprio bunraku, Ariane Mnouchkine (e toda a sua equipa) renovou profundamente a sua criação teatral, levando até aos limites um trabalho de pesquisa perigoso e acabado sobre o teatro (Béatrice Picon-Vallin, ligeiramente editado).

Sobre o Théâtre du Soleil 

Fundada em 1964 como cooperativa, a companhia de Mnouchkine começa com Les petits burgeois, de Gorki. Logo depois, Capião Fracasse (1965), assinalando o interesse da encenadora pelos teatros de feira e pelo bufão. Com A cozinha de Arnold Wesker (1967) ganha decidido apreço público. Em 1969 montam Os palhaços, confirmando a atenção da companhia pelas formas de teatro popular frequentemente menorizadas, e das quais fazem emergir toda a poesia.

Em 1970 encena 1789, primeiro em Milão e depois na Cartoucherie, espaço não-teatral emblemático da companhia nesta fase pós-68. Trata-se de uma criação colectiva, estratégia que vai marcar profundamente esta fase da companhia e permanecer como exemplar do seu trabalho, tanto como a forma como envolve o público no espectáculo, tanto em 1789como, logo depois, em 1793, a sua segunda parte. A criação colectiva e a participação do espectador partilham com intensidade os valores políticos, e implicam o espectador na re-leitura da história e na construção da utopia.

Após alguns espectáculos (como L'age d'or, grande êxito de 1975 que articula commedia dell'arte e conto oriental; ou a adaptação, pela encenadora, do romance Mefisto, (1979), de Klaus Mann), num programa que a encenadora filia em Jacques Copeau, Mnouchkine dedica-se a textos de Shakespeare, encenando-o com recurso a técnicas orientais (kabuki,katakhali), assim abrindo caminho a uma renovação estética marcada pelo rigor do trabalho do actor e pela beleza da cena.

Nos anos 80 dá-se a chegada de Helène Cixous à companhia, dramaturga cujo trabalho de colaboração com Mnouchkine determina uma nova etapa do Théâtre du Soleil. Em 1985, estreiam A história terrível mas inacabada do príncipe Sorodom Sihanouk e, logo depois,Indiade (1988), dando corpo a uma nova equação que confronta história e teatralidade, aborda o político com o prazer da legibilidade do mundo, como se diz nas palavras doNatyasastra que epigrafam a produção de Tambours sur la digue «O teatro é a representação do mundo. Ele fala sobre o dever, jogos, dinheiro, paz, riso, luta, amor e morte. Ele ensina o dever a quem não o conhece, o amor àqueles que a ele aspiram» (Bharata).

Tambours sur la digue estreia em 1999, na Cartoucherie. Em 2003 estreia Le dernier Caravanserail (1ª e 2ª partes), filmado em 2006 por Mnouchkine, dando plena continuidade a um projecto estético e político exmeplar. Aqui interroga-se a realidade de uma Europa feita de fronteiras e exclusões. Os caminhos do mundo actual dão a este espectáculo uma terrível actualidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 07.02.2017
21:30 | Auditório Soror Mariana