Perspectivas da Investigação e(m) Artes: Articulações

Resumos das Propostas

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RESUMOS DAS PROPOSTAS

Comunicações/ Workshops/ Performances

"Evaluation Models in Artistic Research Projects" -  Linda Cassens Stoian

Em 'Evaluation Models in Artistic Research Projects' Linda Cassens Stoian apresenta o modelo de avaliação e investigação de práticas artísticas em contexto urbano que desenvolveu ao longo dos últimos anos: o perform space model. O modelo, cuja origem a autora apresenta, foi sendo apurado em resultado da interacção entre pesquisa e aplicação, no âmbito do projecto The situated body. Ele procura responder a fenómenos complexos articulando redes descontínuas de produção e representação numa polifonia relacional envolvendo espaço, contextos, artistas teóricos, curadores e públicos.

"Laboratório de Pesquisa e Criação em Escrita Performativa"   - Paulo Proença 

 “ O desafio lançado à escrita pelas pretensões ontológicas da performance é o de repensar uma vez mais as possibilidades performativas da própria escrita. [...] O traço deixado por essa escrita é o ponto de encontro de uma evanescência mútua;…” Peggy Phelan 

Resumo: O que é a escrita performativa? De que forma esta questão problematiza já toda uma reflexão entre criação artística e investigação académica e entre investigação prática no contexto académico e o ensino técnico ou profissional das artes? Este Laboratório visa criar um ambiente de pesquisa, criação e reflexão em torno (1) da escrita enquanto trabalho de corpo, (2) em torno das relações entre escrita para cena (texto, enunciado e partitura) e (3) escrita como evento e, finalmente, em relação com a performance e como performance per se. O seu reconhecimento estabelecer-se-á em estreito diálogo com o teatro, a dança, a performance, as artes visuais e a noção de escrita literária. De que forma a escrita é concebida como acção performativa? O que é que agencia e como é que pode catalisar um corpo de conhecimento performativo próprio? Concebendo como possibilidade que a escrita performativa se possa afirmar como área de conhecimento permanece a questão sobre o modo como esta prática pode existir de forma autónoma e que relações cria com outras áreas como o teatro, a dança, as artes plásticas.
Objectivo Geral: Desenvolver um Laboratório de Pesquisa e Criação em Escrita Performativa, questionando a necessidade de evolução experimental e formal das relações entre arte, academia, criação de conhecimento e de experiências que desafiem esse mesmo conhecimento. Objectivos Específicos: · Desenvolver um trabalho de fundo em torno das relações entre escrita e performance · Criar uma dinâmica de experimentação, de descoberta e de invenção sistemática de processos de criação, cooperação e reflexão em torno das experiências realizadas. · Reflectir e desafiar o próprio lugar de entendimento e naturalização da pergunta de partida Conteúdos: Escrita como Evento: a escuta do corpo, do espaço e das relações entre corpo, escrita e cena. Os objectivos deste processo deter-se-ão (1) na sensação, na percepção (de Si, do Outro, do espaço, da acção) e no acto de composição e (2) nas relações entre escrita e performance. O que é que este enquadramento evidencia e pode problematizar: 1/ A escrita performativa: De que forma o modo como se escreve, o que se enuncia e como estrutura, entre outras, é alterada pela performance? De que forma a performance desaparece na e pela escrita? 2/ Site-Specific-Writing-Performance: Quais as relações entre corpo, espaço e escrita? O que é a escrita do espaço? De que forma o constantivo se torna performativo sem integrar o modus operandi do teatro? 3/ Na relação entre escrita para cena (para ser interpretada) e escrita como meio de documentação: Quais as relações entre a Escrita na e para Performance e a Escrita Documental? De que forma o modo como se desafia a escrita para cena pode conhecerum prolongamento ou não no que respeita à sua interpretação? A documentação pode ser re-enunciada como dramaturgia do corpo (o que é uma dramaturgia do corpo?) e/ou partitura performativa?

"KUVALE. Transumância entre globalização e tradição"  - Salete Felicio

KUVALE . Transumância entre globalização e tradição é um trabalho artístico em formato de documentário experimental hipermédia online , que articula texto, imagem, som e vídeo de forma hipertextual. Os materiais audiovisuais que constituem a essência da obra são originais e resultaram de entrevistas a pessoas do grupo Kuvale , na sequência de uma viagem realizada pela autora ao continente africano, em agosto de 2010.Os Kuvale  são pastores praticantes da transumância que habitam no sudoeste do Angola. A obra nasceu da descoberta do outro que nos é estranho e da reflexão sobre a crescente globalização das culturas tradicionais. O material híbrido e em rede sugere ao utilizador o entendimento desse outro, através dos testemunhos dos seus protagonistas.Kuvale, construído sobre uma narrativa não linear, procura instigar o espectador à investigação e à procura por conta própria. É o utilizador que selecciona os vídeos que quer ver, de acordo com a sequência que entender. A forma como apresentamos a totalidade dos vinte e oito vídeos e os três áudios abre caminho à exploração aleatória. O utilizador percebe a obra a partir das suas inúmeras combinações de leitura, interligando os seus conteúdos de acordo com o seu critério de utilização da interface. Estes vídeos sintetizam o essencial das temáticas estudadas — globalização, contaminação, tradição, comércio, escola, soba,casamento, protagonistas — e inter-relacionam-se. Por sua vez, estes oito conceitos articulam-se com dois eixos fundamentais: o global e o local. O espectador de Kuvale  é convidado a efetuar a transumância (visual) entre globalização e tradição. Pode ainda consultar três documentos áudio, que remetem o ouvinte para a indagação de futuro; a comunicação, que muitas vezes não é mais que incomunicação; e de como é entendida a integração pelos Kuval e. A linguagem hipertextual desta obra procura romper com o modelo de leitura linear a que estamos habituados.A utilização da Web como suporte do formato hipermédia em que se apresenta contribui para confirmar a teoria de Alfredo Jaar, quando diz que o mundo da arte se ampliou. “A arte internacional é global, a grande mudança foi benéfica para os países periféricos, pois já não existem periferias, mas sim muitos centros.” (Jaar, 2011: 22)1A viagem que deu origem a esta obra continua e efectiva-se na sua circulação em rede, acessível de qualquer parte do mundo. O serviço de geolocalização indica a localização aproximada dos acessos feitos a Kuvale , através do endereço IP. A possibilidade de o utilizador saber quantos utilizadores acederam à obra e a partir de onde o fizeram, juntamente com o facto de ele próprio, também,assinalar a sua presença, é um pequeno contributo à participação na rede global. É exactamente este o grande desafio desta obra — a reencenação do experimentalismo perante um novo meio produtor de linguagem.

"TransMeaning – praticar sentido pelo sentir" - Conferência – Performance - Cecília de Lima

Como geramos sentidos? Ou como atribuímos sentido ao que nos rodeia? A noção de Embodied Thinking , há muito intuída no mundo da dança é recentemente evidenciada pelas teorias cientificas de Embodied Cognition , que defendem que o pensamento é maioritariamente inconsciente e sobrevém da percepção sensório-­‐motora e interacção física com o meio ambiente. Contudo, essa base do pensar imerge para um nível inconsciente, a consciência do pensamento desenvolve-­‐se sobretudo através de um processo de articulação verbal. Esta apresentação resulta de um laboratório de pesquisa através do movimento intitulado TransMeaning .
TransMeaning  é uma metodologia que aborda a noção de pensamento como sendo uma articulação de sentidos que surge do vivenciar do corpo e do movimento. Partindo
desta noção TransMeaning  explora o exercitar de sentido pelo sentir, para assim Investigar o processo de passagem de sentidos: corpo - palavra - corpo.
Como fazer emergir a origem somática do pensar a um grau mais consciente e desta forma aprofundar a experiência de sentir o "corporear do pensamento"? Como passar de um pensar semi-­inconsciente que emerge de sentidos sensoriais, para um pensar consciente, que se articula verbalmente? Mas também, como é que a consciência verbal do pensamento influencia a percepção sensorial? 
A base metodológica de TransMeaning  fundamenta-­‐se na Teoria de Metáforas Cognitivas de Lakoff e Johnson, explorando o "sentir do sentido" gerado pela experiência física daquilo que os autores designam como Conceitos Emergentes (expressões verbais que surgem directamente da nossa experiência sensório–motora, como por ex.: quente/ frio, frente/ trás, próximo/ distante, cair, torcer, agarrar). Partindo destes conceitos, esta metodologia desenvolve-­se através de diversas práticas que inter-relacionam movimento e percepção somática com escrita criativa.
Reflectindo o âmago da pesquisa, o formato conferencia -­ performance joga com a transposição entre um modo performativo/ somático de gerar sentido e um modo verbal de conceber sentido.

Cecília de Lima (Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa e
Instituto de Etnomusicologia -­ de Estudos em Música e Dança)

"On a Multiplicity, entre a Performance, a Matemática e a Multimedia"  - Telma Santos

Entender a ciência e a arte como elementos dualistas e separáveis é assunto ultrapassado. Nos últimos anos muitos trabalhos "entre" a arte e a ciência Têm sido desenvolvidos, e em particular entre a Matemática e a Dança. A discussão tem-­se centrado, acima de tudo, no que se pode transportar de uma disciplina para outra e como algumas ferramentas podem ser traduzidas no outro contexto e convenientemente enquadradas. No entanto, penso ser de extrema importância procurar também analogias nos processos de construção das mesmas. Ou seja, encontrar analogias entre o pensamento matemático na construção de novos resultados na área, e o processo de criação em Dança/Performance. Argumento que
os dois processos se assemelham nas suas formas de construção e lógica de pensamento, nas formas de gerir as ferramentas, bem como na forma como comunicam os resultados dos respectivos processos: espectáculo final/comunicação em conferência. 
Pretendo assim, apresentar algumas questões e analogias entre a investigação desenvolvida em Cálculo das Variações – Matemática – ao longo do último ano da minha tese de doutoramento (2011) e o processo de criação de uma performance, On
a Multiplicity, que partiu de registos de vídeos de improvisação de movimento ao longo desse mesmo ano. Os vídeos foram registados ao fim de pelo menos 5 horas de estudo relacionado com a respectiva tese, e com um máximo de 10 minutos de pausa entre o estudo e o registo. Os vídeos foram depois editados, reconfigurados, moldados ao longo de alguns meses em paralelo com a escrita da tese, a defesa da mesma, bem como o registo sonoro de discursos sobre o pensamento matemático em causa e
sobre a construção da performance, onde um corpo em tempo real se relaciona com a projecção de vídeo e som.

"Investigar a ardósia piro-expandida – Percurso metodológico que conjuga arte e ciência, prática e teoria"  - João Cunha e Costa; Teresa Almeida; Celso Gomes; José Maria Ferreira.
O presente trabalho descreve o processo de uma investigação transversal que tem como objecto de estudo, a ardósia piro-expandida como meio expressivo para a produção escultórica. Submetida a processo piroplástico adequado, a ardósia expande quatro vezes o seu volume e demonstra a sua composição original e o seu processo de formação geológica com uma expressividade telúrica que nos surpreende.
Com a constituição de uma equipa que integra cientistas e o correspondente acesso a recursos adequados, o conhecimento dos campos da geologia e da ciência dos materiais foi utilizado e desenvolvido, permitindo que a rica poética inerente a este material pudesse ser o ponto de partida desta investigação artística. Para além do desenvolvimento do conhecimento associado e do apuro técnico imprescindível, a informação científica, originada no âmbito desta investigação ou directamente associado, também participa nos processos de significação de caracter artístico como parte essencial.
Arte e ciência são consideradas como diferentes sistemas conceptuais e diferentes práticas, mas com o mesmo objectivo geral – abrir a experiência da realidade a inovadoras reinterpretações. Sem confundir o que é distinto, procura-se uma relação de múltiplos e diversificados cruzamentos onde ambas as áreas se potencializam pela riqueza do percurso realizado e pelos resultados obtidos, que sejam substanciais e pertinentes.
Mais do que os resultados, este trabalho salienta o percurso de investigação que adopta, sequencialmente e alternadamente, diferentes metodologias, expressando-se em diferentes tipos de linguagem e onde diferentes tipos de razões disputam a orientação, mas que também encontra o seu fio condutor no desenvolvimento da sua vertente teórica. Ainda que seja predominantemente prática, a teoria ocupa um espaço central e é suportada na relação dinâmica e sistemática entre os dois termos que esta investigação se realiza com coerência, consistência e assim, garante substancialidade.

“Rotas Pan-Sistémicas de Construção Integral de Conhecimento: Da Literatura Comparada à Criatividade Integral”  - Paula Soares.
Pretende-se com a esta Comunicação apresentar Rotas Pan-Sistémicas de Construção Integral de Conhecimento, da Literatura Comparada à Criatividade Integral como modo Transdisciplinar de articulação entre áreas de Conhecimento tendo por base os pressupostas da Teoria Integral (Ken Wilber), actualmente em franca expansão no âmbito das Vanguardas de Pensamento no Planeta.
Iniciar-se-ão estas Rotas Pan-Sistémicas de Construção de Conhecimento através de uma viagem às áreas de Investigação que a Literatura Comparada abrange já desde os finais dos anos 80 do Século passado (p.ex. Literatura e Cinema; Literatura e Pintura; Literatura e Música, etc.) como exemplo de uma das áreas de investigação pioneiras e de maior amplitude transdisciplinar nas Universidades em Portugal.
Seguir-se-á uma Introdução ao Modelo da Teoria Integral (Ken Wilber) que permite actualmente uma abertura a uma vasta Panóplia de áreas de investigação e de ‘articulação’ Pan-Sistémicas que constituem as bases para os Novos Paradigmas do Século 21 visando a busca de soluções aplicadas de uma futura pós-crise. Surgem pois Novos territórios de conhecimento que se articulam permitindo desbravar horizontes até então vedados.
É nesse contexto que a par com Novas áreas de Estudo, surge também a Criatividade Integral como Modelo Pan-Sistémico que integra perspectivas evolucionárias (Evolução da Consciência) e suas relações com as Expressões Criativas do Ser Humano. 
A Criatividade Integral tal como a Literatura Comparada permitem uma vasta abertura a Novas Áreas de Investigação Articuladas que vêm trazer estímulos Pan-Sistémicos que as Academias do Futuro necessitam para se manterem actualizadas e vivas em tempos de grandes crises de valores e de mudanças planetárias em todas as áreas do Conhecimento.

"One way ticket - Spacecraft"  - João Abreu; João Gigante; Hugo Soares
Um dia decidimos pegar nas chaves da nave e partir! Definimos que o radio seria o condutor por 5 planetas que desconhecíamos. Temia-mos esquecer a nossa casa, levamos connosco um boneco sentado no banco, do nosso lado. Ele ia atento ao vidro que nos mostrava paisagens diferentes das que conhecíamos. O nosso amigo mudo apenas ouvia e observava....A performance consiste numa recriação de 5 espaços fictícios com elementos audio e video. São ilustrados 5 ambientes sonoros e visuais diferentes, planetas nunca antes descobertos. Nós, três viajantes do imaginário criamos estes espaços através de elementos do real, descronstruindo os mesmo e construindo algo de um novo real/irreal. A imagem projectada trabalha ao mesmo tempo que o adio e põem o espectador sentado na nave connosco, assistindo pela janela a passagem dos vários planetas. O nosso boneco interage com o publico, senta-se ao lado dos espectador e assiste e persiste numa ligação com os seus amigos, este não fala mas consegue a interacção comandado por um dos viajantes.Convidados o publico a sentar-se connosco na nave. Onde seremos os motoristas desta viagem audio-visual pelo espaço re-materializados. A pesquisa prévia de sons do nosso mundo são reaproveitados para completar o imagem criada de cada local. O boneco serve de ponto de contacto do real, este tem uma escala concreta e passa a ser o único elo de ligação com o mundo real, onde um elemento pequeno é a escala para planetas sem limite métrico. Procuramos com um tratamento plástico a criação de novos mundos audio-visuais.O computador de bordo que guia o caminho são vários rádios FM que através das frequências que vão apanhando nos levam a conhecer novos caminhos.

"One way ticket - Spacecraft"  - João Abreu; João Gigante; Hugo Soares

Um dia decidimos pegar nas chaves da nave e partir! Definimos que o radio seria o condutor por 5 planetas que desconhecíamos. Temia-mos esquecer a nossa casa, levamos connosco um boneco sentado no banco, do nosso lado. Ele ia atento ao vidro que nos mostrava paisagens diferentes das que conhecíamos. O nosso amigo mudo apenas ouvia e observava....

A performance consiste numa recriação de 5 espaços fictícios com elementos audio e video. São ilustrados 5 ambientes sonoros e visuais diferentes, planetas nunca antes descobertos. Nós, três viajantes do imaginário criamos estes espaços através de elementos do real, descronstruindo os mesmo e construindo algo de um novo real/irreal. A imagem projectada trabalha ao mesmo tempo que o adio e põem oespectador sentado na nave connosco, assistindo pela janela a passagem dos vários planetas. O nosso boneco interage com o publico, senta-se ao lado dos espectador e assiste e persiste numa ligação com os seus amigos, este não fala mas consegue a interacção comandado por um dos viajantes.Convidados o publico a sentar-se connosco na nave. Onde seremos os motoristas desta viagem audio-visual pelo espaço re-materializados. A pesquisa prévia de sons do nosso mundo são reaproveitados para completar o imagem criada de cada local. O boneco serve de ponto de contacto do real, este tem uma escala concreta e passa a ser o único elo de ligação com o mundo real, onde um elemento pequeno é a escala para planetas sem limite métrico. Procuramos com um tratamento plástico a criação de novos mundos audio-visuais.

O computador de bordo que guia o caminho são vários rádios FM que através das frequências que vão apanhando nos levam a conhecer novos caminhos.

"Pedagogias de contacto e práticas de experimentação: a  performance como ferramenta critica de investigação-intervenção" - Judit Vidiella Pagès
Esta comunicação apresenta diferentes exemplos de investigações e produções feitas pela equipa de Pedagogias Culturais da Faculdade de Belas Artes (Universidade de Barcelona). Como professores e investigadores posicionados no marco dos Estudos da Cultura Visual, interessam-nos as metodologias visuais de investigação, não só em contextos de formação profissional nas artes, mas também na formação dos docentes em artes visuais, ou em qualquer outro contexto de formação -formal e informal-(museus; centros de produção; espaços culturais; intervenções activistas, etc.).
Há algum tempo que estudamos as estratégias que os artistas contemporâneos usam nos seus processos de investigação e criação (Sophie Calle; Andrés Galeano; Trinh T. Minh-ha; etc.) porque resultam muito úteis num contexto de formação: suas metodologias de análise critica; o questionamento das representações hegemónicas; as políticas de experimentação e intervenção em diferentes contextos; a produção de imaginários críticos dos professores, artistas, académicos, etc.
Metodologias e aproximações ao campo da investigação visual como são a A/R/Tography (Spriggay S. 2008; 2007; Irwin 2004); a Investigação baseada nas artes (Barone T. 2011); a performance (Garoian Ch. 1999); as etnografias visuais (Pink S. 2013); a volta educativa dos ‘curators’ (Roggoff I. 2010), e as pedagogias de experimentação e de contacto (Vidiella J. 2012; 2010; 2009; 2008), permitem uma abordagem em termos de relação com o conhecimento; os processos de ensino-aprendizagem; as formas de visualizar e representar o conhecimento, as produções culturais...

"Amanhã Arrebatarei uma Besta: das imagens dispersas à narrativa gráfica"  - Daniel Silvestre da Silva
A presente comunicação visa contribuir para a formação de um discurso sobre metodologias da criação no ensino da banda-desenhada e ilustração.
Através da apresentação do processo de criação de “Amanhã Arrebatarei uma Besta”, uma narrativa gráfica criada em 2009 e desenvolvida no contexto do Mestrado em Prática e Teoria do Desenho da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, pretende-se proceder à exposição das diversas etapas que levaram à produção deste projecto. 
Alguns autores literários referem a importância das primeiras imagens mentais para os processos de pesquisa que precedem a criação narrativa, devido à capacidade que as imagens têm de sugerir sequências narrativas e sistemas simbólicos complexos. Partir de um corpo visual para a criação de narrativas gráficas é um dos passos metodológicos que promove o desenvolvimento contextual e a criação de mundos possíveis que é posto em prática no ensino da banda-desenhada e ilustração.
Partindo destas primeiras imagens, esta comunicação pretende mostrar o desenvolvimento do processo de criação e reflectir sobre os impasses atravessados na construção desta ficção, onde a estrutura narrativa, os elementos paratextuais, as relações entre palavra e imagem e a escolha do(s) registo(s) gráfico(s) foram determinantes para a coerência global do projecto.

"Laboratório da criatividade"  - Filipe Rebelo

A investigação a apresentar surge da necessidade de encontrar pontos em comum no ensino das artes visuais e do design, uma vez que por vezes as turmas são mistas torna-se necessário trabalhar temas que sejam comuns. Questionar a criatividade e como é o seu surgimento é o ponto de partida, uma vez que é fundamental nos processos artísticos, a publicidade, o marketing e o branding  apresentam-se como exemplos de como artistas e designers se aproximam e colaboram. A criatividade é inata, todos somos criativos no nosso ser, o sistema de ensino por vezes tende a colocar-nos filtros e a moldar-nos essa criatividade, deste modo perde-se valor e talento.

"Teorias e práticas do Teatro e Comunidade"  -  Izabel Bezelga; Cristina Chafirovitch; Hugo Cruz; Lucília Valente; Paula Proença; Paulo Pereira; Ramon Aguiar; Rita Wengorovius

Pretende-se com esta proposta de painel no âmbito da pesquisa em teorias e práticas do teatro e comunidade realizar o ponto da situação da investigação produzida na área e de que forma as práticas se alimentam da produção teórica e vice-versa no contexto português.Equacionamos o desenvolvimento da mais recente investigação no quadro das relações com os contextos de referência (América Latina, Norte e Sul da Europa e USA). A investigação em Teatro e Comunidade opera com a mobilização transversal de conhecimentos e metodologias investigativas oriundas das Ciências Sociais e Humanidades principalmente, o que se liga obviamente ao título do Encontro. (Contaminações) As investigações aqui mobilizadas, pela sua própria natureza e objectivos – artísticos, socio-­culturais, educacionais e de desenvolvimento -­, situam-­se exactamente nos territórios de intersecção entre Teatro, Antropologia, História Culturale Educação, Psicologia Comunitária revalorizando o dinamismo das zonas de fronteira como possibilidades de Encontro.As metodologias adoptadas, tendencialmente híbridas, denotam uma multiplicidade deolhares, características duma área epistemológica de confluências, relevando a pertinência dos processos dialógicos, da incorporaç imersão e acompanhamento duradouro nos processos de construção destas práticas performativas. Os participantes deste painel trarão para a discussão -­ à luz da investigação individual de cada um questões que a todos preocupa, merecendo a nossa reflexão:

a) O estudo sobre as performances tradicionais contemporâneas permite esclarecer as motivações das comunidades na relação com as suas vivências culturais e expressões estéticas próprias -­ atendendo aos processos paródicos, dialógicos e intertextuais -­,impondo-­se como determinante para a compreensão quer dos seus sentidos na contemporaneidade, quer dos seus contributos para a criação teatral comunitária. A partir da análise das práticas e discursos produzidos por criadores e estruturas de criação em Portugal, cujo programa de acção contempla a intervenção teatral na/comcomunidades questionamos: -­ apesar de servirem simultaneamente propósitos artísticos, sócio-­‐culturais e comunitários, as experiências, vivências culturais, motivações e expectativas dos individuos e comunidades são efectivamente tidas em conta? Através de co-participação de todos os participantes no processo de criação? -­‐Como se avaliam os resultados obtidos com a intervenção teatral e de que forma produzem impactos em projectos subsquentes. Neste contexto, a reflexão sobre as questões éticas e estéticas, que se impõem ao dinamizador teatral (artista/pedagogo/investigador) com esta responsabilidade, revela-­se decisiva.

b) Em Teatro e Comunidade, pesquisas de caráter Antropológico tem se dedicado a estudos a partir de grupos comunitários onde há práticas espetaculares já  estabelecidas. Nestas, as relações entre teatro, cultura e sociedade são as bases da investigação. A partir de estudos já realizados, percebe-­se que as práticas em Teatro e Comunidade além dos resultados espetaculares, corroboram para construções deidentidades e estabelecem laços sociais e de pertencimento. Essas constatações têm contribuído para a formação dos Artistas Pedagogos e suas intervenções em contextoscomunitários e artísticos já determinados. Quais os elementos balizadores dessas intervenções? Que práticas se mostram eficazes em acordo com as características de cada grupo comunitário? 

c) Os aspetos que se colocam hoje em dia a uma vivência de confrontação entre culturas com proveniência diversa são extremamente complexos e carecem de uma análise exaustiva, a qual só poderá ser conseguida com a experimentação e consequente teorização dos ensinamentos obtidos com a prática cultural. Assim, ao falarmos hoje de diversidade cultural e de comunidade/s num mundo tão adverso aessas mesmas comunidades é problemático, pois este está muito mais preocupado com um pensamento e uma praxis tecnocrática e economicista, procurando em primeiro lugar satisfazer o posicionamento perante os mercados. É pois importante refletirmos sobre as questões relativas à renovação e enriquecimento cultural, aos problemas e benefícios da transculturalidade, à transmissão das experiências humanas em favor da herança cultural.

d) A investigação em Teatro Social e Comunidade deve sustentar-­se nos pressupostos da pesquisa académica e em parâmetros adequados à especificidade da investigação de processos e práticas de teatro e performance. Por não ser um cruzamento evidente, gostaríamos de nos debruçar sobre possíveis abordagens metodológicas, validação de resultados e contributos de áreas contíguas. 
e) A investigação participante é um processo social que reconhece que não há individuação sem socialização ambos fundamentais na relação do individuo consigo próprio e com os outros. É participante na medida que envolve o individuo na análise dos seus conhecimentos e na forma como se interpreta e como interpreta o mundo. Apresenta-­se pois como uma metodologia pertinente no campo do teatro e comunidade, dado decorrer directamente da reflexão em contexto -­ com e sobre as práticas -­, onde os processos de cooperação e mediação envolvendo todos os participantes são condição de desenvolvimento e construção da própria pesquisa.

f) Tendo em conta que as práticas em projectos artístico-­comunitários se baseiam em pressupostos participativos de criação colectiva, e que estes podem servir de ensaio para uma participação mais empoderada noutros contextos de vida dos indivíduos, torna-­se urgente aprofundar quais os processos que garantem a efectiva e real participação das comunidades neste tipo de projetos e quais as suas consequências.

g) Finalmente interessa reflectir sobre a posição dos artistas que desenvolvem a sua actividade de criação teatral nestes contextos, nomeadamente ensaiando novas aproximações.